Araci Matos
3 min readMar 22, 2022

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Pronto então vamos usar a língua de Camões se faz favor, a ver se nos entendemos.

Primeiro, não entendo essa sua passiva-agressividade. Durante todo o primeiro e segundo texto, tenho sentido, ao lê-lo, que "fala" comigo quase aos gritos, como se eu se tratasse de alguém muito ignorante a quem lhe deva ser ensinada uma lição de história, porque pelos vistos, nem a minha licenciatura, nem o meu mestrado em Estudos Anglo-Saxões foram suficientes, nem muito menos a minha tese sobre os filmes de Spike Lee, nem tampouco ter passado um ano inteiro da minha vida, fechada em casa a ler sobre racismo por todo o lado.

Segundo, não sei que idade tem ou porque é que se intitula alguém que acha que eu sou ignorante. Desculpe, mas é o que sinto.

Tampouco entendo a razão dos asiáticos terem sido chamados para o baile, acho que quando escrevi o que escrevi, apenas queria de facto mencionar o quão triste é que alguém se sinta descriminado pela cor da sua pele. Não estou a chamar ninguém de idiota por se sentir assim, estava apenas — e aí até dou o braço a torcer por não adicionar nada ao assunto — a mencionar isso, a tristeza de haver racismo.

Desculpai-me a questão se virei a coisa para os Estados Unidos. Mas, estando eu tão virada para lá, foi talvez, percalço meu perguntar. Note-se, eu não assumi, apenas perguntei!

Eu acho que percebeu a minha mensagem totalmente ao contrário. Eu não estava a dizer que é triste ter a pele negra — por favor, que eu caia já aqui redonda no chão se é isso que eu disse . Será que tenho que reforçar novamente a ideia que o que queria dizer é o quão triste ainda é existir descriminação com base na quantidade de melamina que uma pessoa tem ou deixa de ter?

Pareceu-me que viu isto tudo como um ataque pessoal, quando sinceramente acho que estamos dos dois lados.

Já agora, porquê a insistência do uso do inglês quando já foi clarificado que somos ambos portugueses/as?

Claro que como Portuguesa, como você, bem sei a história de Portugal, e o quanto ainda ela é enviesada numa narrativa que não conta o outro lado da moeda. Tenho, toda a minha vida académica, tendo sido sempre adepta de uma visão mais progressiva da nossa própria história. O Boaventura de Sousa Campos afirma bem sobre como os descobrimentos, de nada foram descobrir coisa alguma. Aliás, se se quiser dar a esse trabalho, ainda há dias escrevi, em português, a minha visão sobre os "descobrimentos" e de como ninguém necessitava de ser descoberto.

Adoro a pergunta "Does that come as a surprise to you?", como se eu fosse uma menina de cinco anos que nasceu ontem. Não tivesse eu também estudado no Brasil, e estudado história na perspectiva Brasileira... Ai, mas estou a esforçar-me tanto para provar que não sou ignorante que agora sim, até pode gozar comigo por estar aqui a mencionar as minhas poucas medalhas. Força, venham daí os enxovalhos.

É mais fácil atacar com unhas e dentes quem não se conhece, baseando as nossas ideias numa pequena mensagem que deixei, e cuja interpretação foi totalmente errónea.

Obrigada pelo, como se diz em inglês, "patronizing" , sabe sempre bem ! Ou, será que conhece esta palavra, patronizing? Se calhar, poderia ir ao google, tem muita informação sobre isso..

Vê, como isso soa mal?

Bom, esperemos que terminemos esta pequena nossa altercação, pois de pequenas discussões está o mundo cheio delas, e não é preciso mais.

Percebeu o que eu quis dizer? Espero que sim.

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Araci Matos
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Written by Araci Matos

Trying to be the Portuguese Annie Ernaux or Elena Ferrante

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