Seja Bem-Vinda Senhora Primavera

tentativas falhadas de poesia

Caminhando pela rua abaixo,
Sentindo-me ainda como uma adolescente,
o sol bate-me na cara.
Vou ouvindo música,
Abstraindo-me do silêncio ou de barulhos que não me fazem feliz.
De repente, de uma casa branca, daquelas com jardins cheios de flores
Sai uma senhora de idade.
Caminha, levemente, passo a passo entre o céu e o jardim
Cabelos no ar, mãos enrugadas…
Mas,
Ela não quer parecer velha, não, ainda pinta o cabelo de um negro profundo.
Ainda está frio, apesar do sol, apesar de ser Primavera .
Quando era criança a Primavera começava hoje, e não me queiram trocar as voltas, começa hoje e mais nada !
A velhinha está de robe azul e com os chinelos do quarto
mesmo no meio do terreno, debaixo de um pessegueiro,
Tirando as ervas daninhas que cresceram ao ser redor.
E eu páro para a olhar, e pergunto-me se um dia serei eu,
se serei eu assim num jardim bonito,
num futuro que me parece distante mas que sei que se chegar chegará rapidamente
Pergunto-me se serei eu a cuidar da minha horta
ou se sequer um dia chegarei à idade dela.
Pergunto-me se me recordarei este dia,
Da pessoa que hoje sou
Se me lembrarei da camisola amarela quentinha que uso e os meus ténis vermelhos?
As ervas cresceram, as flores brotaram, o sol quer aparecer entre nuvens que ainda teimam em pairar no céu.
Os caminhos convidam-me a um passeio matinal.
Dou os bons-dias a quem…